Título: O Vendedor de Sonhos
Autora: Augusto Cury
Páginas: 296
Editora: Academia da Inteligência
Ano : 2008
Classificação: 5/5
Sinopse: Um homem desconhecido tenta salvar da morte um suicida. Ninguém sabe sua origem, seu nome sua história. Proclama aos quatro ventos que a sociedades modernas se converteram num hospício Global. Com uma eloquência cativante, começa a chamar seguidores para vender sonhos. Ao mesmo tempo em que arrebata as pessoas e as liberta do cárcere da rotina, arruma muitos inimigos. Será ele um sábio ou um louco? Este é um romance que nos fará rir, chorar e pensar muito.
É extremamente difícil expressar
por meio das palavras os sentimentos, emoções e reflexões que um bom livre
produz em mim, até porque a sensação que me domina é a de que por mais que eu
escreva, nem de longe vou realmente conseguir dizer tudo o que senti com a
leitura. Esse é o caso de O Vendedor de
Sonhos, o 4º romance do aclamado médico e escritor Augusto Cury.
No prefácio o autor confessa ser um artesão das palavras por
tentativa, um escultor compulsivo. Eu concordo, pois se utilizando da mistura
do bom humor com doses certeiras de drama e mistério, somadas a pitadas de
reflexão, o Dr. Cury, magistralmente, como um verdadeiro artesão das palavras,
esculpiu personagens extramente cativantes e nos presenteou com uma belíssima
obra. O autor, com seus conhecimentos da psique humana, propõe um livro que vai
muito além de um mero passatempo, mas que ao mesmo tempo não deixa a desejar no
quesito entretenimento.
Ambientada na grande São Paulo a trama se inicia com a ameaça
de um suicídio. Um renomado professor universitário insiste em permanecer no
alto de um dos maiores prédios da capital, afirmando que a qualquer momento irá
jogar-se de lá. A polícia já foi chamada e um psiquiatra também, mas nada
parece dissuadir Júlio César a por fim ao seu sofrimento, o que só atrai mais e
mais pessoas para avenida abaixo do prédio. E é nesse contexto caótico que o
vendedor de sonhos aparece e com seu jeito e aparência um tanto quanto peculiar
passa a intrigar a todos, inclusive o leitor.
Um homem simples, maltrapilho, misterioso, do tipo
questionador, o qual emana sabedoria e que intrigantemente atrai as pessoas.
Alguém que desconstrói respostas e provoca a todos com quem fala a questionar
certezas, valores, prioridades e sentimentos. Foi esse homem, o vendedor de
sonhos, que fez o possível suicida interiorizar-se e concluir por si mesmo que
a morte não era exatamente o seu almejo e, mais do que isso, ofereceu-lhe uma
experiência fantástica: aprender a arte de vender sonhos por meio do
discipulado. A partir daí, Júlio César passa a narrar os fatos sob seu ponto de
vista, dividindo com o leitor os seus pensamentos em relação àquele que se
tornou o seu Mestre.
“O vendedor de sonhos vendia continuamente o sonho do encantamento. Como pode alguém que não tem nada exteriormente cativar tanto? Como pode um homem sem teoria pedagógica bombear nossa imaginação. Andar com ele era um convite à inovação. Navegávamos sem destino traçado. Ele via por ângulos distintos situações ordinárias.”
A narrativa engrena e diferentes
personalidades são convidadas a compor o grupo dos seguidores do Mestre: um
alcoólatra, uma modelo, entre outros. Tais personagens só complementam a trama
e a tornam ainda mais envolvente e emocionante. Uma história diferente de tudo o que já li por aí.
Algo totalmente atípico e inusitado, rico em sentimentos e farto em
reflexões. O Vendedor de Sonhos é o tipo do livro que toca nosso íntimo,
desliga-nos do mundo e foge do esperado.
“Ao longo da caminhada, o homem que eu seguia ensinou que os pequenos gestos podem ter tanto ou mais impacto que os grandes discursos. Em suas aulas ao ar livre, constatei que suas reações e o seu silêncio penetravam mais que as técnicas multimídia. Intuitivamente sabíamos que ele guardava grandes segredos.”
Sem dúvida o mais interessante é a
forma como o misterioso vendedor conduz as situações mais adversas como a
tentativa de um suicídio, um evento tecnológico e um velório. Além disso, há
também suas semelhanças com Jesus Cristo, as quais confundiram-me, aguçaram
minha curiosidade e imaginação e, consequentemente, levaram-me a devorar o
livro para descobrir quem verdadeiramente era o enigmático e cativante
personagem. E o final? Ah, o final foi esplêndido e inimaginável! Augusto Cury
escreveu com maestria não apenas a trama, mas o desfecho dela também.
Indico essa
obra para qualquer leitor, pois certamente será uma ótima experiência para os
fãs dos livros de autoajuda do autor. Por outro lado, aqueles que não
simpatizam com o gênero têm tudo para serem seduzidos pela obra, de escrita
rápida e objetiva, que atrela críticas e reflexões a uma trama marcante,
misteriosa e deliciosa. Sem contar que a obra agrega, pois leva-nos a repensar
nossas opiniões e atitudes em relação ao cotidiano e aos relacionamentos. No mais,
só acrescento que este livro tem tudo para conquistar o leitor.
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