Resenha: O Peregrino


 
Título: O Peregrino
Autora: John Bunyan
Páginas: 235
Editora: Mundo Cristão
Ano: 1684
Classificação: 3/5

Sinopse: 'O Peregrino' é uma narrativa cheia de emoção e suspense. Bunyan relata a viagem de Cristão, um peregrino espiritualmente abatido que viaja rumo à Cidade Celestial. No decorrer da aventura, ele se encontra com personagens de carne e osso, mas que possuem nomes alegóricos, tais como Evangelista, Adulação, Malícia, Apoliom e Vigilância. Passa por lugares sombrios e medonhos, como o Desfiladeiro do Desespero, o Pântano da Desconfiança, a Feira das Vaidades e o Rio da Morte. Surge em cada encruzilhada um novo desafio que ameaça sua chegada ao destino final. O enredo mescla-se à interpretação simbólica, e o resultado é uma incrível experiência literária espiritual.
'O Peregrino' é a maior obra de ficção na história do cristianismo. Para milhões de leitores, a história de Cristão serve como supremo modelo de perseverança em meio a dificuldades.

Quando me deparei com a sinopse de O Peregrino fiquei de imediato encantada, pois, a meu ver, a ideia central da obra é mais do que genial. Além disso, a sinopse me remeteu a um dos mais lindos pensamentos que já li, do grande teólogo e escritor C.S Lewis: “Eu descobri em mim mesmo desejos os quais nada nesta Terra pode satisfazer. A única explicação lógica é que eu fui feito para outro mundo.” Sim, fomos feitos para outro mundo e nossa vida terrena nada mais é do que uma peregrinação rumo à Nova Jerusalém. Dessa forma, O Peregrino é uma alegoria muito bem escrita e, se bem analisada, um tanto quanto verossímil à vida terrena. No entanto, o fato de algumas coisas em sua narrativa entrarem em desacordo com a Bíblia fez-me por vezes torcer o nariz.

A história criada por John Bunyan no século XVII se inicia com este relatando que se deitou em uma caverna e ali adormeceu. Neste momento de descanso teve um sonho muito especial, um sonho que passa a ser detalhadamente narrado em terceira pessoa, o sonho de um cristão caminhando rumo à Cidade Celestial.

O protagonista, Cristão, recebe a notícia de que a cidade em que habita vive sob iminente destruição. A partir daí Cristão passa a viver em tremenda angústia e desespero, pois não sabe o que fazer para escapar do vindouro fim. Na sequencia, depois de vários aflitivos dias, Evangelista indica o caminho por onde Cristão deve fugir, após a informação ser recebida ele não pensa duas vezes e, deixando para trás a família que não aceitou o convite, dá início a sua solitária peregrinação.
“Se conseguir chegar à Cidade Celestial tenho certeza de que lá estarei seguro. Tenho de arriscar: voltar é morte certa, mas avançar é o medo da morte, e a vida eterna jaz além. Por isso vou prosseguir. (...) Bem, lá espero ver bem vivo aquele que, morto, vi pendurado na cruz; e ali espero livrar-me de todas essas coisas que até hoje estão em mim e que me aborrecem. Lá, dizem que, não existe morte, e lá viverei com a companhia que mais me agrada. Para dizer bem a verdade, só posso mesmo amá-lo, pois foi ele quem me aliviou o fardo. Estou cansado da enfermidade que trago dentro de mim; prefiro estar onde não morrerei mais, ao lado daqueles que continuamente bradam: “Santo, Santo, Santo”.
A odisseia de Cristão consiste em trilhar caminhos difíceis como o Vale da Sombra da Morte, passar por inúmeros desconfortos como o cansaço, conhecer personagens nada agradáveis/confiáveis como a Ignorância, sofrer com males que assolam a alma humana como o medo e, sobretudo, desenvolver um espírito de alerta para não se desviar do único caminho que podia levá-lo à salvação.
“Procurei então Cristão com o olhar, para vê-lo subindo o morro. Percebi que, se antes corria, passara a caminhar, e depois a escalar apoiando nas mãos e nos joelhos, tão íngreme era a subida. Ora, mais ou menos a meio caminho do cume havia um caramanchão aprazível, feito pelo Senhor do morro para descanso dos exaustos viajantes.”
Por um lado eu gostei muito da obra, pois sua linguagem é atual, sua narrativa prende o leitor, tanto o nome dos personagens quanto os diálogos que eles travam com Cristão são interessantes e, além de tudo, há muita verdade. Por outro lado, chegou a um certo ponto em que a narrativa, pelo menos para mim, tornou-se cansativa e repetitiva. Além disso, alguns pontos levantados pela história entraram em total desacordo com a Bíblia. Mas, ainda assim foi uma boa experiência literária, visto que a história de O Peregrino possui uma simplicidade bonita e uma veracidade instigante. Assim sendo, acredito que se trata de um clássico capaz de agradar a muitos.


                                                       

17 comentários:

  1. Oie Bia tudo bem? :)
    Gostei da sua resenha, muito bem explicada.
    Esse é um dos livros que eu quero muito ler.
    Amei seu blog, muito bonito e organizado.
    Bom, o meu está no começo, então ainda estou
    organizando... rsrs
    Você está convidada para conhecer,
    mas, não ligue para a simplicidade,
    estou fazendo tudo com carinho
    porque também amo falar sobre livros.
    Bjs e até mais.

    https://raposinha-literaria.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Mi!
      Tudo bem, graças a Deus. :)
      Estou voltando do seu blog. Obrigada por ter me convidado. Fiquei feliz com sua inciativa e desejo muito sucesso!
      Agradeço de coração aos elogios feitos ao Oásis Literário e também à resenha. Obrigada!
      Fica com Deus.
      Beijos.

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    2. Que bom que está tudo bem contigo querida,
      eu também fiquei muito feliz por você ter ido me visitar rsrs
      Obrigada e sucesso para você também...
      Fica com Ele tbm. Beijos :)

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    3. obrigado pela resenha



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  2. Gostei muito do livro. Foi uma experiência edificante. É um livro que te faz pensar como está sua vida como cristão. Recomendo a todos.

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  3. Eu já ouvi falar bastante dele, mas nunca me deu vontade de ler... Me dá impressão que é mais importante por ser clássico do que pela história em si. Sua resenha reforçou essa minha impressão.

    Eu li a "paródia" que o C. S. Lewis escreveu (O Regresso do Peregrino) e "boiei" em algumas partes... justamente porque eu nunca li "O Peregrino". Se um dia eu ler o livro do Bunyan, quem sabe releio do do C. S. Lewis.


    Quais questões que você acha que são antibíblicas? Fiquei curiosa...


    sonhos-e-suspiros.blogspot.com.br

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    1. Não sabia da existência desse livro do Lewis. Vou procurar. Obrigada por mencioná-lo! :)
      Então, várias trechos de "O Peregrino" se baseiam na doutrina antibíblica chamada de imortalidade da alma. De acordo com a Bíblia, só Deus é imortal e os mortos se assemelham ao estado do sono, ou seja, não sabem de coisa alguma. Eclesiastes 9:5-6 é apenas uma das várias passagens que refutam claramente a imortalidade da alma.
      Abraços.

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    2. Se você ler, não esqueça de fazer resenha! Eu gostaria muito de ver os comentários de alguém que já leu as duas obras (fazendo as ligações entre elas).
      .
      Entendi seu ponto de vista... Obrigada por responder!

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    1. Olá, Bruno! Então, o livro faz alusão ao inferno eterno. Isso não condiz com a Bíblia.
      Agora não estou bem certa se houve também referência à imortalidade da alma e outras doutrinas herégicas... Já faz muito tempo que li o livro e escrevi a resenha (mais de um ano), embora só agora eu a tenha postado. Mas sobre o inferno, eu posso afirmar a menção.
      Espero ter respondido sua pergunta.
      Abraços.

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    2. Entendi. Bem, irei ler novamente esse livro para avaliar melhor essas questões doutrinárias. Mas você sabe que diz que algo é "bíblico" ou "herege" hoje em dia depende muito de qual igreja e linha de pensamento a pessoa segue né. Hoje se você falar que é salvo por aceitou a Jesus, você já pode ser chamado de herege. Se você não guarda o sábado e ensina que não é necessário guardá-lo, você já é um herege. Se você não usa veu na igreja,você já é um herege. É fogo. Todo mundo interpreta a bíblia de uma maneira e dá essa bagunça que vemos hoje. Mas eu irei ler novamente esse livro para avaliar melhor essa questão e verificar. Obrigado pela sua resposta. :)

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    3. Olá, Bruno! Respeito a sua opinião e peço licença para discordar de você. Dizer que algo é uma heresia de fato tem relação direta com uma determinada igreja, pois o significado de heresia é: “interpretação, doutrina ou sistema teológico rejeitado como falso pela Igreja”. Por saber disso, em momento algum eu usei tal palavra em minha resenha.
      Agora, quanto a algo ser antibíblico, bem, aí sim eu posso afirmar com convicção, visto que isso não depende da igreja que eu frequente ou da fé que eu professe. Não é minha intenção ofendê-lo, mas não existe lógica no que você disse. Pois, como todo livro, a Bíblia também tem uma interpretação correta sim. Vou explicar o porquê a fim de sustentar o meu ponto de vista.
      Em primeiro lugar, não é possível do ponto de vista racional que duas coisas sejam verdadeiras se elas se autoexcluírem. Por exemplo, se eu disser que não estou grávida, mas um exame de sangue der gravidez, bom, de duas uma, ou eu estou enganada ou houve um erro no exame; não é possível que tanto eu quanto o exame estejamos certos. Trazendo isso para o contexto bíblico, não é possível que duas igrejas estejam pregando a verdade se ambas disserem coisas contrárias a respeito de algo na Bíblia. Por exemplo, a igreja católica prega que Maria tem o papel de intercessora, mas várias igrejas protestantes, senão todas, dizem que Maria não é intercessora, pois apenas Jesus é o nosso intercessor. Ora, é possível que do ponto de vista bíblico a igreja católica e as igrejas protestantes estejam corretas a respeito de quem tenha o papel de intercessor no céu? Obviamente não, pois as duas afirmações excluem-se mutuamente. Assim, dizer que Maria não é intercessora faz de uma pessoa um herege em relação à Igreja Católica, por outro lado, isso faz com que a pessoa esteja correta do ponto de vista bíblico. Pois, assim como em I Timóteo 2:5, existe uma série de passagens que nos ensina que Jesus é o único intercessor entre Deus os homens.
      Em segundo lugar, tal qual os grandes clássicos da literatura, a Bíblia apresenta uma interpretação correta sim, mas isso depende de estudo e não apenas de leitura, por isso tantos se equivocam. Veja, eu posso sentar e ler “Memórias Póstumas de Bras Cubas”, mas se eu não souber um pouco do contexto histórica da época em que esse clássico foi escrito, provavelmente eu não entenderei a crítica feita pelo autor. Além disso, se eu não fizer ideia do teor do Realismo, escola literária da qual Machado de Assis fazia parte, possivelmente também não serei capaz de interpretar corretamente a obra em questão. Por fim, se eu não souber quem era Machado de Assis, se eu não souber que ele era um gênio, pode ser que eu não reconheça o brilhantismo das “Memórias Póstumas de Bras Cubas”. Fora isso, ainda preciso ser uma pessoa com vocabulário, pois, do contrário, poderei ter dificuldade de entender a linguagem culta e rebuscada de Machado, o que pode prejudicar meu entendimento completo acerca de sua obra. Percebe onde estou querendo chegar? Para interpretar corretamente um clássico literário é necessário uma série de conhecimentos prévios ou então um estudo acerca da obra. A Bíblia, por sua vez, também o requer para ser corretamente interpretada, visto que é composta por 66 livros escritos durante um período de 1600 e que contou com 40 autores.

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    4. Em terceiro lugar, por observação podemos concluir que existe sempre uma interpretação correta para um texto. Por exemplo, é comum em provas de vestibulares a cobrança da chamada interpretação de texto. Muitos dos textos da prova possuem autores falecidos, portanto, ninguém pode ir até o autor para lhe perguntar: “o que você quis dizer quando escreveu isso?”. Mas, nem por isso os professores de literatura e língua portuguesa dizem que a interpretação é pessoal, ou seja, depende do leitor. Pelo contrário, nas provas há apenas uma resposta correta, mesmo que a questão seja discursiva. Perceba que se a interpretação fosse pessoal, se dependesse da visão de professor para professor e de leitor para leitor, seria uma injustiça cobrar interpretação de texto e de livros no vestibular.
      Em quarto lugar, a própria Bíblia rechaça a ideia de que ela seja passível de diferentes interpretações, pois nela está contida passagens como: “Eu sou O caminho, A verdade e A vida”. Logo, Jesus é O caminho e não UM DOS caminhos. Em outra passagem vemos a declaração: “Conhecereis A verdade e A verdade vos libertará”. Ou seja, não há várias verdades, mas uma verdade.
      Em último lugar, a ciência, a história e a arqueologia comprovam a veracidade de diversas coisas que a Bíblia relata, e nos revelam como que as doutrinas antibíblicas entraram no cristianismo. Isso é mais um argumento a favor da existência de uma única interpretação correta. Por esse e outro motivos é que é tão importante o estudo da apologética.
      Por fim, agradeço o seu comentário e a maneira respeitosa como expos seu ponto de vista. E espero sinceramente que meu comentário tenha deixado claro porque creio que, embora como você falou “Todo mundo interpreta a bíblia de uma maneira“, isso não nos exime de dizer que algo está definitivamente contrário à Bíblia. No mais, depois de lê-lo decidi que nas próximas resenhas irei esclarecer melhor o que achei ser contrário à Bíblia. Obrigada!
      Abraços.

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  5. Oi, obrigado pela sua resposta enooooorme. Concordei com 100% do que você disse. Mas acho que eu me expressei mal. Eu não disse que há mais de uma interpretação absoluta. Eu disse que todo mundo interpreta de uma maneira e diz que quem não interpreta a sismo é um herege. Quero que fique claro que eu tenho uma posição única em relação à hermenêutica bíblica e não abro mão dela. Agora, visto que somente há uma única interpretação bíblica correta, qual seria a igreja hoje que a descobriu? Assembléia, Batista, adventista, anabatista, presbiteriana? Porque você sabe que todas elas têm interpretações diferentes sobre questões doutrinárias como: salvação, decálogo, pecado e vestimentas. Qual igreja é a única na sua opinião que compreendeu a bíblia 100% corretamente?

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    1. Fiquei feliz ao ler o seu feedback em relação ao meu comentário! :)
      Aqui é um blog literário, sinta-se sempre à vontade para deixar comentários relacionados ao conteúdo resenhado.
      Abraços.

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  6. Boa resenha Bia. Estou lendo o livro e estou gostando do enredo, dos personagens e dos diálogos. Sucesso.

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  7. Gostei muito da resenha, você conseguiu clarear um pouco mais essa fabulosa caminhada. O peregrino retrata o plano de salvação, com linguagem atualizada dos obstáculos que encontramos vinte quatro horas por dia, mas também retrata a segurança e esperança, que só encontra quem está em Cristo Jesus.

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